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Passo horas da madrugada acordada, repetindo o texto, ponto por ponto. Organizo o pensamento e a emoção. Coloco as prioridades em seu devido lugar, resgato acontecimentos do passado para embasar a minha argumentação, falo dos meus sentimentos (passados, presentes e futuros), e, então, exponho os sentimentos dele, inclusive os que ele terá no momento em que eu estiver falando. Escolho a melhor entonação para cada parte do texto e recito olhando no espelho retrovisor do carro (o trânsito é ideal para ensaiar esse tipo de discurso). Termino mostrando que eu sou grandiosa e, apesar de tudo, quero o melhor para ele.
Um roteiro perfeito. Que nunca funciona. Na hora do vamos ver, eu me enrolo toda. No meu roteiro não está previsto que ele fale.
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